Ontem, vivenciei literalmente o que comentei no artigo sobre saúde na região ( Bahia de Verdade /11/2011), quando acompanhei, para Feira de Santana, um amigo querido que sofreu um AVC ( acidente vascular cerebral) na tarde do dia 29/11, no município de Várzea da Roça.
Esta nota não visa culpar ninguém, nem nenhum atendimento, visa apenas constatar as péssimas condições do sistema de saúde na região em que vivemos, sem nenhum preparo para socorrer casos de alta complexidade e muito pior, até de média complexidade.
O paciente deu entrada no Hospital Municipal de Várzea da Roça no final da tarde de quarta feira, foi atendido por médico, passou a noite, e pela manhã foi encaminhado para Feira de Santana, com receita para medicação, e solicitação de exame para esclarecimento diagnóstico. Tudo certo, como manda o figurino.
Em Feira de Santana, os familiares pagaram uma consulta particular com médico neurologista ( R$ 250,00),foram encaminhados a uma clínica onde o paciente realizou uma Tomografia do Cranio ( R$ 200,00), voltaram ao médico, que solicitou internamento imediato, com a constatação do acidente vascular cerebral.
A família , de posse do relatório médico, dirigiu-se ao Hospital Clériston Andrade, onde , afirme-se por bem da justiça, não teve nenhuma dificuldade para o atendimento, não teve dificuldade para o acesso à internação, porém, as condições de trabalho para os médicos, enfermeiras e funcionários de um modo geral, são terríveis, em função da quantidade de pacientes superlotando as enfermarias os P.As, masculino e feminino, o movimento intenso dos veículos do SAMU e ambulâncias de dezenas de municípios que não param de chegar a todo momento. Um CAOS.
Impossível, para qualquer profissional que respeita a sua profissão, conseguir fazer uma medicina à altura dos seus ideais, dando ao paciente toda a atenção que ele necessita, e, à família , o conforto da explicação sobre o estado dos seus entes queridos. Isso, pelo lado dos profissionais, que se superam.
O outro lado, mais atroz, são pacientes em muito maior número do que o que seria suportado normalmente pela unidade de saúde, lotando como já disse, os postos de atendimento do hospital, macas e mais macas nos corredores, leitos improvisados em todos os lugares, acompanhantes procurando se acomodar de qualquer maneira em qualquer cantinho, um entra e sai horroroso, contrariando todas as regras de assepsia mínima para um ambiente hospitalar, um monte de pranchetas com prontuários e exames sobre os balcões, enfim, humanamente impossível um atendimento com a qualidade que, tenho certeza, seria da vontade dos profissionais que ali trabalham. Pobre Hospital Clériston Andrade. Com o fluxo que acompanhei ontem á tarde, imensamente superior à sua capacidade normal, só poderá servir , como ouvimos sempre, de fonte de notícias para um lado negro de imprensa , que não procura , nem quer, entender a origem de tantos problemas.
Volto a insistir. Precisamos dar qualidade à nossa saúde regional. Precisamos de um Hospital Clériston Andrade, no seu lado bom, em todos os territórios de identidade. Precisamos interiorizar, de forma efetiva, a medicina no Estado da Bahia. Precisamos que a residencia médica venha junto com os hospitais territoriais.
Precisamos de uma Central Territorial de Regulação, que seja íntima das centrais municipais de regulação, e verdadeiramente dedicada a valorizar a vida dos pacientes e não, simplesmente tratá-los como um incômodo papel a mais, aborrecendo e entulhando as gavetas burocráticas, casos às vezes durando mais de seis meses para o atendimento ao paciente, com o sofrimento da família, que acompanha impotente, quando não tem a quem recorrer e nem os recursos necessários para cuidados médicos particulares. UM CAOS.
"PACIENTES" SÃO SERES HUMANOS DEBILITADOS POR ALGUM ESTADO MOMENTÂNEO OU NÃO DE DOENÇA OU ACIDENTE, SÃO VIDAS, minha gente.
Todos nós, em algum momento, seremos, ou teremos na família, ou teremos algum amigo, PACIENTE.
Vamos voltar a pensar que podemos fazer alguma coisa. Meu querido TERRITÓRIO do JACUIPE, minha CHAPADA DIAMANTINA, PARAGUAÇU, vamos acordar para a saúde. Todos juntos somos fortes.
Para fechar essa nota, com um tom mais otimista, recebi do Deputado Federal RUI COSTA, uma comunicação informando a colocação de emenda ao Orçamento da União, visando a construção do Hospital Regional da cidade de Senhor do Bonfim. Vamos ter fé que se concretize, porém acompanhado das outras medidas que realmente o transformarão em um equipamento útil à população da região.
Que o Senhor Deus nos abençoe e que possa, se for a Sua vontade, livrar as nossas famílias e todo o o povo da região dessas angústias da vida.
Fiquem todos na paz, que só nos dá o Senhor Jesus.
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