Muitos dias afastado do blog, por força das nossas múltiplas atividades, mas hoje, sábado, 28 de abril, resolvemos tirar o dia para passar a limpo a situação gravíssima em que se encontra o estado da Bahia, ( não só o semi-árido ), em relação à essa estiagem perversa que está transformando grande parte do estado em lugares difíceis para se viver, ou criar rebanhos, ou produzir alimento ou mesmo beber e outras atividades de rotina onde a água é fator fundamental.
Para continuar a ressaltar o que já vimos afirmando em todos os artigos anteriores que falam da nossa absoluta necessidade de uma fonte confiável, segura e perene de água de boa qualidade para o consumo humano e animal, publicamos abaixo um artigo do Engenheiro Manoel Bonfim Ribeiro, velho batalhador do DNOCS ( Departamento Nacional de Obras Contra a Seca ), que com muita clarividência ressalta o absoluto despreparo do Estado da Bahia, ao longo de décadas, para conviver com esse fenômeno tão destrutivo, porém que se sabe chegará com certeza, e que ao passar, novamente será relegado ao esquecimento, até que se apresente novamente, para cobrir mais prejuízos e até vidas, como nos mostra a história.
Leiamos o artigo :
A SECA NO ESTADO DA BHIA
Eng. Manoel Bomfim Ribeiro
A
seca já se instalou nos sertões do estado da Bahia produzindo os seus
efeitos negativos e nefastos sobre a economia dos agricultores.
Não
é uma seca inusitada, mas prevista de longas datas pelos estudos do
Instituto de Atividades Espaciais-(IAE) de São José dos Campos. Esta
previsão foi chamada de“Prognóstico do Tempo a Longo Prazo” Baseia-se em
interpolações e pesquisas cuidadosas fundamentadas no histórico
pluviométrico da região nordeste. A cada 26 anos ocorre uma grande seca,
como aconteceu a de 1979/84 quando o DNOCS e outros órgãos dos estados
nordestinos receberam antecipadamente relatórios sigilosos analisando e
alertando para o que iria ocorrer. Não é um modelo matemático na acepção
do termo, mas um “Método Estatístico de Correlação,” estudo que passou a
merecer toda a credibilidade dos técnicos e dos poderes
administrativos.
Fizemos,
pessoalmente e por curiosidade, uma regressão com o perfil senoidal das
secas acontecidas desde a chegada de Tomé de Sousa ao Brasil. A
coincidência foi magistral, a cada 26 anos a senóide entra no seu ramo
descendente apontando exatamente as secas ocorridas na região em séculos
passados. Exemplificamos só algumas: 1582/84-1777/80-1877/80-1930/ 33
1957/59 e por aí vai a ciclometria das secas
Não
é uma equação, é um modelo que pode sofre alterações nas datas
presumidas das secas para mais ou para menos devido à complexidade da
trama atmosférica que foge aos domínios de técnicos, meteorologistas e
cientistas. Esta seca instalada agora, sobretudo no estado da Bahia,
promete durar todo o ano de 2012 e também por todo o ano de 2013.
Neste
estudo procuramos mostrar o sistema ondulatório dos períodos de chuvas
escassas indicando a projeção das estiagens que afligem a região.
Analisemos agora o Semi-Árido baiano.
O
Semi-Árido dos quatro estados Ceará, Paraíba, R. G. do Norte e
Pernambuco somam uma área total de 327.000 km² e o da Bahia sozinho tem
área de 320.000 km², praticamente igual. Desde o final do século XIX
aqueles estados começaram a luta pela geração de água construindo açudes
de maneira obstinada. A seca de 1877/80 foi tirana ceifando 500.000
vidas, 10% da população nordestina que era na época de 5.000.000 de
habitantes. Uma grande calamidade. Morriam de fome, sede, tifo, bexiga e
outras endemias. Uma grande tragédia registrada na história do Nordeste
e jamais esquecida.
Juntar
água foi, então, o grande objetivo de todos os nordestinos uma vez que
estes reservatórios se tornaram essenciais para melhorar os terríveis
efeitos da seca. O açude é um núcleo de vida, de atividade social e
econômica, sobretudo nos períodos calamitosos de secas.
A
nucleação em torno da açudagem foi de tal importância que os nossos
técnicos se tornaram os maiores barrageiros do mundo e ao logo do século
XX construíram a maior rede de açudes do planeta Terra, mais de 70.000
açudes armazenando 40 bilhões de m³de água, volume igual a 16 baias da
Guanabara. O sertão virou mar.
O
Semi-Árido baiano, entretanto, ao longo do século XX, ficou totalmente
esquecido pelos governantes apesar da sua mais baixa pluviosidade. Não
participou da epopéia nordestina gerando e acumulando água para os
períodos inditosos. Não tivemos um programa específico e determinado de
construir uma estrutura hídrica.
O
Estado já tinha tudo, “Cacau, Petróleo e Paulo Afonso, as riquezas da
Bahia”, um jingle eleitoral. O cacau declinou, o petróleo, o maior
produtor em terra, é, hoje, o R.G. do Norte e Paulo Afonso é de todo o
Nordeste. Construímos, tão somente, cerca de 150 açudes de pequeno e
médio porte armazenando 1 bilhão de m³. Toda nossa água armazenada cabe
num único açude do Ceará, o Araras que acumula 1 bilhão de m³. Em 1882,
há 130 anos passados, o Rio G. do Norte já tinha açude acumulando
600.000 m³ de água. Em 1934 o Ceará já armazenava 1 bilhão de m³ o que
hoje acumula a Bahia.
O
nosso Semi-Árido possui uma excelente rede filamentar de rios e riachos
intermitentes podendo construir um portentoso programa de açudagem, mas
nada foi feito.
Vejamos
mais, o rio São Francisco banha 850 km no Estado pela margem esquerda,
de Carinhanha a Casa Nova e 1300 km pela direita, de Malhada a Paulo
Afonso. São mais de 2.000 kmlindeiros, mas não possuímos uma só adutora
adentrando-se pelos nossos sertões. O estado de Sergipe, com 250 km de
rio, tem 5 adutoras levando água aos seus municípios.
O Semi-Árido baiano se constitui, portanto, na maior solidão hidro geográfica do Brasil.
Não
estamos preparados para enfrentar a grande seca de 2012/13. Os nossos
administradores foram sempre absenteístas em relação a esta grande
hinterlândia baiana. São 269 municípios, 57% da área do Estado carentes
de estrutura hídrica.
O
programa de cisternas é excelente para as famílias sertanejas, já é um
avanço, mas é água domestica, mitiga a sede, mas não gera economia.
Temos,
portanto, um Semi-Árido pobre, mas prenhe de riquezas naturais. A
caatinga com suas 922 espécies botânicas é um bioma único no mundo. Por
ser pouco explorada, esta grande área mantém ainda uma rica vegetação
xerófila, verdadeiro baluarte contra a desertificação devido a sua
intensa inflorescência para a perpetuação das espécies. Esta rica
fitogeografia é um paraíso, o melhor do mundo para o desenvolvimento de
um vigoroso programa de apicultura orgânica. O Semi-Árido baiano, este
grande sertão dilatado, pode produzir cerca de 120.000 toneladas de mel
por ano, três vezes o que todo o Brasil produz.
A
faveleira, euforbiácea leguminosa, nativa dos nossos sertões, é, ainda,
um diamante bruto da caatinga á espera de lapidação. Ela, sozinha,
redimirá o Semi-Árido baiano com a produção de um finíssimo óleo de mesa
que substituirá, com vantagens, o óleo de oliva, além da sua excelência
como forrageira para caprinos, riquíssima em proteínas. Existem muitas
outras riquezas naturais, mas permanecem inexploradas na estática do
nada.
Estas
potencialidades naturais da região não fazem, entretanto, nenhum
progresso sem que haja o empenho da sociedade e dos poderes
constituídos. O Semi-Árido setentrional está anos-luz á frente do
baiano, preparado para a grande seca e nós aqui no estado da Bahia ainda
estamos de calças curtas.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Vejam os amigos, o que afirmamos sobre a sub-utilização do Rio São Francisco pelo Estado da Bahia.
Precisamos de água nas calhas do Rio Jacuipe e do Rio Itapicuru- Mirim, a partir da transposição do Rio São Francisco até a cidade de América Dourada e o bombeio até a cidade de Morro do Chapéu, que é a nascente dos dois rios.
Existem obras gigantescas no momento sendo executadas no Brasil, com relação custo benefício imensamente menores do que oferecer condição digna de existência a , no momento , mais de 1.000.000 ( Hum milhão ) de habitantes do Estado da Bahia.
TRANSPOSIÇÃO O MAIS BREVE POSSÍVEL.
PRECISAMOS DOS ESTUDOS DE VIABILIDADE .
PRECISAMOS DE MAIS VOZES CHEGANDO AO SENHOR GOVERNADOR.
A SITUAÇÃO AGRAVA-SE A CADA MOMENTO.
DENTRO EM BREVE OS CARROS PIPA NÃO TERÃO MAIS DE ONDE APANHAR ÁGUA PARA LEVAR ÀS POPULAÇÕES DOS MUNICÍPIOS DO SEMI-ÁRIDO.
DIVULGUEM AMIGOS, A CAUSA É COMUM A TODOS.
Precisamos de água nas calhas do Rio Jacuipe e do Rio Itapicuru- Mirim, a partir da transposição do Rio São Francisco até a cidade de América Dourada e o bombeio até a cidade de Morro do Chapéu, que é a nascente dos dois rios.
Existem obras gigantescas no momento sendo executadas no Brasil, com relação custo benefício imensamente menores do que oferecer condição digna de existência a , no momento , mais de 1.000.000 ( Hum milhão ) de habitantes do Estado da Bahia.
TRANSPOSIÇÃO O MAIS BREVE POSSÍVEL.
PRECISAMOS DOS ESTUDOS DE VIABILIDADE .
PRECISAMOS DE MAIS VOZES CHEGANDO AO SENHOR GOVERNADOR.
A SITUAÇÃO AGRAVA-SE A CADA MOMENTO.
DENTRO EM BREVE OS CARROS PIPA NÃO TERÃO MAIS DE ONDE APANHAR ÁGUA PARA LEVAR ÀS POPULAÇÕES DOS MUNICÍPIOS DO SEMI-ÁRIDO.
DIVULGUEM AMIGOS, A CAUSA É COMUM A TODOS.
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