Tudo que tanto vimos conversando e comentando sobre a situação dos reservatórios que nos abastecem na região, todas as nossas preocupações vem se confirmando e situações drásticas e lamentáveis começaram a ocorrer em toda a nossa região da Chapada, Piemonte, Paraguaçu e Jacuipe, com efeitos se expandindo, atingindo as sedes municipais e ameaçando chegar em curto espaço de tempo à região de Salvador.
Ontem, na Barragem João Durval Carneiro, município de Várzea da Roça, uma força tarefa capitaneada pelo Inema, confiscou todas as pequenas bombas dos micro produtores que atuam na borda do lago, deixando uma infinidade de famílias sem ter como conquistar o pão de cada dia. Conserva-se a água, pouca que resta, 12 a 13% da capacidade de acumulação do lago, e mata-se pela fome a quem não possui outro meio de vida. Ironias da vida de quem é teimoso e valente, e insiste em ficar nesse sertão, tão despreparado para enfrentar e conviver com uma situação que, pelo tanto de vezes em que se repetiu, era para não mais constituir-se nenhum problema.Essas famílias, no mínimo, terão que receber algum auxílio financeiro do estado, para que, tendo interrompidas suas atividades, possam ao menos alimentar a si e aos seus filhos.
O Rio Jacuipe, temporário, não tem condições de repor nem a cada três anos, a capacidade dos reservatórios do França, Morrinhos ( pequenino) e São José de Jacuipe ( Barragem João Durval), com as consequencias todas que estamos presenciando agora.
A Barragem de Pedras Altas, que já já estará alimentando com as suas águas a esperada Adutora para a região sisaleira e outros municípios do Território da Bacia do Jacuipe, não possui realimentação suficiente para essa demanda, pelo que estamos presenciando de precipítações de chuvas na bacia do Rio Itapicuru-Mirim. Mais um problema instalado para breves dias.
TODOS ESSES FATORES APONTAM PARA UMA ÚNICA CONCLUSÃO :
NÃO POSSUIMOS UMA FONTE SEGURA, PERMANENTE E CONFIÁVEL DE ÁGUA DE BOA
QUALIDADE EM TODA A NOSSA REGIÃO.
ATENTEM TODOS : PRECISAMOS DAS ÁGUAS DO RIO SÃO FRANCISCO TRANSPORTADAS PARA AS NASCENTES DOS RIOS JACUIPE E ITAPICURU -MIRIM, NAS IMEDIAÇÕES DO MUNICÍPIO DE MORRO DO CHAPÉU.
É VIÁVEL, MINHA GENTE.
A RELAÇÃO CUSTO-BENEFÍCIO É ALTAMENTE POSITIVA , CONSIDERANDO-SE UMA POPULAÇÃO DE QUASE 1.000.000 ( HUM MILHÃO ) DE BAHIANOS , EM QUASE 50 MUNICÍPIOS, DE 10 TERRITÓRIOS DE IDENTIDADE .
Neste momento em que escrevo, recebo notícias que outras ações da força tarefa capitaneada pelo Inema, também bloquearam a pequena irrigação no lago do França( Rio Jacuipe), em lago de barragem nos município de Vitória da Conquista e município de Utinga, tirando as fontes de subsistencia de muitas famílias. Pura e simples imprevidência e absoluto despreparo do Estado da Bahia em não valorizar ações e projetos estruturantes na área do abastecimento REAL de água.
Todas as adutoras que estão sendo executadas são necessárias e bem vindas , pois são ligações dos reservatórios aos consumidores.
Um programa efetivo de cisternagem, com cisternas que comportem 50 m³ ( 50 mil litros ) de água, resolve o problema da sede familiar ( água para beber e cozinhar e de quebra beber, o cachorro , o gato e o papagaio), porém têm que ser construidas com uma área de captação compatível com a pluviometria anual local, e cisterna vazia não mata a sede de ningúem.
Mas, precisamos efetivamente de um programa ininterrupto e de longo prazo para a construção de barragens e açudes de grande capacidade como o Castanhão no estado do Ceará, aproveitando a totalidade das cheias dos nossos muitos rios temporários e dos poucos que são perenes, e, após a construção dos grandes reservatórios, executar as obras necessárias para a interligação das bacias , tornando o estado auto suficiente para enfrentar qualquer situação de futuras grandes estiagens. É sonho? Mas não temos outra saída para encarar um futuro quer vem por aí, cada dia mais alarmante no que se refere às condições de vida em determinados locais do planeta, e que pode nos atingir de repente.
A partir deste momento difícil que todos enfrentamos , e em ano de eleições municipais, é importante que todos os municípios doravante, incluam nos seus parcos orçamentos municipais ações estruturantes na direção de possuir a maior quantidade possível de água acumulada, incentivo á proteção de nascentes de água, mesmo as mais pequenininhas, colocar a juventude colegial em programas de recuperação das matas ciliares de rios e riachos, enfim, pessoal, vivemos no semiárido e precisamos aprender a viver no semiárido.
Lembrem-se bem : quando chover, todo esse blá blá blá será esquecido até que tudo aconteça novamente , e sempre de uma forma pior, pois, a população está aumentando, os mecanismos de controle social no Brasil são débeis e ineficientes, crime ecológico é somente quando cai petróleo no mar e dá notícia no Jornal Nacional, destruição de matas é lucro e de rios ninguém liga.
Deus nos proteja e nos mande chuvas.
Contatos pelo e-mail : wlbmascarenhas@hotmail.com
Wilson
Mascarenhas é engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da UFBA,
ex-Prefeito do Município de Várzea da Roça por três mandatos, ex- Vice
Presidente Regional da UPB, ex- Secretário do Codes do Território do
Jacuipe e ex-membro do Comitê Gestor da Bacia do Rio Paraguaçu- Sub
Bacia do Jacuipe.
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